A cápsula espacial não era mais que um chamariz, a isca do anzol, para atrair o povão para uma montagem de propaganda do uso pacífico da energia nuclear. Os gringos, se justificando pela proliferação de usinas produtoras de plutônio, juravam de pés juntos que não era para produzir bombas. E o mundo acreditou.
O Vô aqui nasceu na metade da segunda guerra mundial e era adolescente naquela época, mas desconfiou. Os horrores da grande guerra ainda estavam vivos, a guerra fria dominava nas manchetes e grande era o sofrimento dos povos da SubAmerika, oprimida pelo império em expansão. Convenhamos, é difícil acreditar num carrasco com pose de bonzinho.
Hoje a situação está 'n' vezes pior e o império do mal conta com a cumplicidade inconteste da grande mídia, que mantém o povo desinformado e manipula opiniões, pontos de vista, preferências, atitudes e votações. A questão atômica no Irã e a guerra no Iraq não escapam disso.
Bola da vez, o Irã sofre pressão do sacro império ocidental, que tenta impedir a produção de energia por via atômica nesse país. Tenho os olhos azuis (o que é sinônimo de inocência pros nórdicos, ou de otário na gíria local), mas não consigo imaginar que um povo não ameaçado (fora do amerikano) almeje produzir bombas tão mortíferas só por possuí-las. E me pergunto: se fosse o sangüinário e pró-amerikano Shah Reza Pahvlevi ainda o governador do Irã, qual seria a posição imperial?
Chuto uma resposta: os gringos estariam vendendo plutônio, usinas atômicas e know how pro Irã. Sem temor de errar, enxergo instalações de mísseis e aviões com carga atômica apontando para Rússia, China, Ucrânia. Hoje os gringos perderam sua influência no território dos Persas, mas precisam de seu petróleo; e mais, o Irã é de extrema importância geo-política, tal como o Afeganistão, que já foi invadido.
Um fato é que os norteamerikanos nunca questionaram a escalada atômica da Índia e do Paquistão, países vizinhos e aliados, governados por gerentes imperiais. Mas, o que mais chama a atenção, no Oriente que começa no Bósforo, é a situação de Israel. É um país que não pode ser atacado com força atômica por países muçulmanos; seria pior que um tiro no próprio pé.
Israel é um país que possui bombas atômicas e está afim de usá-las. A gente chega a sentir como lá tremem dedos com vontade de apertar botões que lancem ataques sobre alvos iranianos. Pode acontecer a qualquer momento, com beneplácito do império que lava as mãos. “Problema regional, nada a ver com isso, só estão se defendendo”... já estou lendo, vendo, ouvindo a mídia desinformativa.
O pior é que Israel nunca assinou, nem pretende assinar, o Pacto da Não-Proliferação das Armas Atômicas. Os norteamerikanos fazem vista grossa e não implicam. É um curinga na manga do titio Sam. Sem esquecer que Israel é o país que mais recebe ajuda direta do governo imperial; bilhões de dólares anuais a fundo perdido. Mais uma quantidade equivalente repassada por cidadãos amerikanos. Aí a bomba não incomoda.
Pessoalmente, até acho possível que os iranianos cheguem a fabricar bombas atômicas e sou totalmente contra. Tal como sou contra de armas atômicas nas mãos de qualquer país do mundo. Mas também acho que, se o Irã chegar nesse ponto, será pelo mesmo tipo de imbecilidade e incompetência diplomática norteamerikana que obrigou o Fidel a se declarar radicalmente marxista-leninista e se alinhar com os soviéticos. Ainda não esqueci essa parte da história que é parte da minha própria vida. Só vejo o fato se repetir.
Também vejo se repetirem, tantas e tantas vezes e com a maior cara de pau, as mentiras e os enganos imperiais. Lá, no país da Besta, seguem desenvolvendo, modernizando, aprimorando, produzindo cada vez mais sofisticado armamento atômico. Invadiram o Iraq alegando razões que se demonstraram propositalmente erradas e estão usando armas terríveis, como Napalm e Urânio empobrecido, até contra a população civil. Isso a mídia vendida não comenta, apesar das declarações de integrantes do próprio exército invasor, de soldados a oficiais. Com muito orgulho e boa dose de deboche, diga-se de passo.
Desarmamento Atômico
para Todos os Países do Mundo
sem exeção de ninguém
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