sábado, 26 de julho de 2008

Comunicação Social

Nestes maravilhosos dias, passados fora de albergue público, aproveito para começar a executar um projeto pessoal que estava elaborando. Todo baseado nas possibilidades de comunicação que a Internet oferece.

É dirigido a pessoas e entidades que participem de projetos sociais / culturais, e não têm acesso à mídia do sistema. Um veículo de comunicação entre as iniciativas, enfatizando a criação de redes.

O usuário da e-rede tem que superar paradoxos antigos. Hoje todo e qualquer cidadão não é somente um 'receptor de informação', mas passa a ser, cada vez mais, um 'produtor de informação'.

Os canais da mídia oficial não oferecem espaço e passam a ser dispensáveis. É opção própria deles. Além de ser absurdamente caras. A e-comunicação tem custo baixo e não é tão dificil de implementar. Ofereço palestras e treinamento para implementar 'elos de comunicação social'.

Um Centro de Comuicação Comunitária é um lugar de convergências, onde se concentram os elos a outras fontes, capaz de coordenar ações pontuais. É o papel de uma rede de comunicação popular, facilitando o fluir da informação. Ajudando a tirar do anonimato tantas iniciativas que estão isoladas.

A fase Beta está sendo construída no ar, aberta a visitação pública sem restrições, sem maior pretenção estética, nem show de tecnologia. Bem basicão mesmo, um rascunho, para começar.

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Sobrevivência

Moradia e alimentação, nas condições oferecidas pelo 'esquema', mal cobre o mínimo dos mínimos das necessidades humanas. Sem uma entrada de dinheiro não há como complementar o que falta.

Ofereceram-me um trampo: vender a revista Ocas. Não é uma opção ruim não; tem gente que se vira bem com isso. Mas essa possibilidade me deu uma outra idéia.

Se é por vender coisa pra ler, eu mesmo tenho muito material próprio. São mais de 15 livros e mais algumas coisas menores, tudo baseado na escrita feita por mim mesmo. Está tudo editado em PDF. Só pensar em colocar tudo em cd pra vender e já fiz. Tem 5 unidades pra vender a R$ 5,00 cada.

A tarefa proposta seria procurar lugares onde possa encontrar meu público alvo: pessoas que gostem de ler e, em esse grupo, leitores que se interessem pela situação ecossocial que a humanidade está enfrentando.

Gostaria encarar com aquilo que é meu, totalmente produto de meu próprio trabalho. Sei e não tenho dúvida nenhuma, que é muito válido o que estou expondo em meus escritos. Mas a vida está sendo um escracho continuo.

Voltando das Férias

É um jeito de dizer, de quem passou duas semanas fora de albergue, morando em moradia humana. Meu amigo professor me pediu para ficar no apartamento durante as férias escolares. Impossível me negar à proposta, com tanta mordomia vinculada.

Só imagina sair desseantro baixo astral e ficar sozinho, dormir no escuro, acordar e fazer café, tem fogão, geladeira, máquina de lavar, televisão e computador ligado na rede. Deu um troco para complementar alimentos em estoque.

O periodo começou numa sexta feira e não consegui avisar à dona assistente social do lugar onde estava albergado. Quando fui dar explicação, ela não quis me receber e mandou recado com o porteiro: 'não em nada para conversar, o senhor está desligado, toda correspondência será devolvida pelo correio'.

Tudo bem, eu sabia que era uma coisa ou a outra. Tinha consciência que ia ser desligado, nas circunstáncias apresentadas. Sabia que ia perder a vaga. É o tal de "regulamento". Saudade do lugar é que não posso ter e nem quero voltar. Agora tem que procurar uma vaga de pernoite contínuo. Está na agenda da segunda feira.

domingo, 6 de julho de 2008

Relações, Contatos e Afins

Nas diversas reuniões que estou participando, dou valor às relações que vão surgindo. Nas mãos do Ouvidor Geral deixei um sintético rascunho da minha situação. Conheci umas senhoras do Grande Conselho Municipal do Idoso.

Esse contato estava na minha agenda. O caso é que o estatuto do Idoso, sob o Título II, Capítulo 10 Do Transporte, Art.39 garante, aos maiores de 65 anos, a gratuidade do transporte urbano e semi-urbano. No § 1º esclarece que "para ter acesso à gratuidade, basta que o idoso apresente qualquer documento pessoal que faça prova de sua idade".

Acontece que a SPTrans só aceita o RG. Pelo texto da Lei, não pode exigir somente esse documento aos maiores de 65 anos. Eu posso provar minha idade com outros documentos, mas não querem me dar a carteira que é de meu direito. Será que não aplica o Art.96, que aplica uma pena de reclusão e multa a quem "discriminar idoso por qualquer motivo"?

Então, como fica? Vou ver logo no começo desta semana.

Desafios e Perspectivas DH

Sábado dediquei de 7am até 20h ao semináriop' desafios e Perspectivas dos Direitos Humanos". Conheci Fermino Fechio, Ouvidor Geral da Cidadania, lotado na Secretaria Nacional de Direitos Humanos. Acho bom ter, aí nesse lugar, alguém que ainda tenha capacidade de se escandalizar perante o que acontece no país.

Para muita gente, aqueles acontecimenots que nos relatou nada mais são que anedotas, partes do dia a dia do cidadão comum. Só que a mídia destaca mais uns casos e outros menos ou nada, seguindo estritos parâmetros econômicos e políticos.

Por exemplo, a qual veículo de comunicação pode interessar o caso daquele senhor que possui duas casa, não pode morar nelas, nem receber aluguel, e tem que se virar em albergue e pedir comida gratuita.

Vejamos: Seu 'x', hoje idoso, construiu duas casas próprias, com seu esforço. Casado, ficou morando em uma. Reconheceu como própria a filha de outro homem. Mais tarde separou da mulher e deixou uma casa para ela. Teve trabalho para tirar os inquilinos da outra, onde foi morar. Quando a 'filha' casou, prestou-lhe a casa até que o casal tivesse em melhor situação. Até deu dinheiro para uma reforma. Isso, há uns 20 anos atras.

Hoje a 'ex' segue morando em uma casa e a filha, separada e com 4 filhos, mora na outra. Juridicamente fica sem chance. Pobre não tem condição de reverter isso. Só resta o albergue público. Exaltou-se um pouco quando desabafou. Vai falar pra ele sobre direitos... de que?

Ou, para o caso dá igual, vai dizer o que para aquele rapaz na cadeira de rodas, bala na coluna, sem nada para fazer, sem nada, nada mesmo, no futuro; escanteado no pátio do albergue, convivendo com tantos outros que, como ele, só sabem que estão vivos e nada mais.

Uma Semana

Segunda feira fiz o que não fiz no domingo. O que fiz na terça não podia nem imaginar que ia aparecer na agenda. A quarta começou na contramão e apenas assisti ao 3 x 1 revertido entre Flu e LDU. Estava torcendo pelo gaúcho e fiz questão de acompanhar até o final. A quinta decorreu prevendo a sexta e o fim de semana. Já na sexta estava nos trilhos outra vez, engatando com um sábado programado com antecedência.

Sexta de manhã compareci à reunião de GTDH. Conseguimos uma redação primária de 7 pontos, como síntese daquilo que discutimos até esse momento. Ficou digitalizado, mas não tenho cópia; poderia ter postado agora. Por isso, comentários empurro mais pra frente, ou pra cima, em se tratando de um blog.

Prisão em Regime Aberto

A semana já começa embaçada. A dona Carmen, assistente social da minha ala de dormitório, implicou com uma declaração de comparecimento dada pela presidenta de uma associação de chilenos. Alegou que devia ser em papel timbrado, com carimbo. Alguém vai levar isso a um ato público?

Não ficou só nisso. A licença para chegar mais tarde hoje é a última. pelo demais, estou proibido de chegar depois das nove da noite e não mias às dez. Disse que é novo regulamento, que fez reunião onde 'todo mundo' foi informado. Só que ninguém sabe disso.

Tentei argumentar sobre meu direito a levar uma vida normal. A resposta foi cortante, fria, dura: "vai procurar outro albergue para morar".

Recapitulando: estou nesta situação pela impossibilidade de tirar documentos. O Estado, como única solução, me enfia num albergue público e suprime minha liberdade pessoal. Posso ficar nisso por anos a fio e, até agora, não achei entidade, organismo, instituição, repartição que possa, ou sequer se interesse, dar uma solução a meu caso.

Não só me impede o direito de ir e vir, mas também perco o direito a lazer e levar uma vida 'normal'. A principal alegação de d. Carmen foi que a reunião de hoje era política e isso ela não pode permitir. Chegar tarde só para quem trabalha.

O caso é que não posso trabalhar. Além da deficiência que me limita a serviços bem específicos, também não tenho documentos. Assim fica difícil. O Estado que, teoricamente, devia ajudar, me enfia numa prisão pestilente em regime semi-aberto, por tempo indeterminado. Deu 'pau mental', então engole uns comprimidos.

A Besta no Plano Nacional

O domingo começou meio conturbado. No albergue tem outro morador que participa do mesmo grupo de Trabalho em Direitos Humanos (GTDH). Antes mesmo de tomar um cafezinho, me encara afirmando que tem coisa por trás da Política nacional do Setor.

Eu costumo não falar antes de beber uns goles de cafeína, mas o cara insistiu em esclarecer: um 'irmão' dele tinha-o esclarecido que, incluído no projeto nosso, estava o número 666, considerava-se a discriminação dos evangélicos e que todos os participantes iam ser mortos.

Foi demais para segurar. Provavelmente teria reagido diferente se tivesse uma dose de cafeína no cérebro, mas não tinha. caracas, fiquei espantado por tanta ignorância e manifestei minha opinião em forma um tanto grossa. Falei que crente é trocha, ignorante, imbecil.

Sustento essa minha opinião, baseado na liberdade de opinião que me é concedida pela lei. Mas poderia ter sido mais diplomático, pois ele também tem o mesmo direito. Essas coisas só reforçam minha opinião sobre o perigo, para toda a humanidade, que oferecem essa seitas do paganaismo cristão.

O assunto é sério, parte importante, fundamental, da crise que atravessa o planeta. O próprio Moisés já alertava contra os adoradores do bezerro de ouro, que não é mais que aquele 'deus' que reparte riqueza e posses materiais para seus servidores, sem a mínima consideração pelo estrago que essa atitude deixa no meio ambiente, nem pela situação à qual ficam expostas as futuras gerações.