sábado, 26 de julho de 2008

Comunicação Social

Nestes maravilhosos dias, passados fora de albergue público, aproveito para começar a executar um projeto pessoal que estava elaborando. Todo baseado nas possibilidades de comunicação que a Internet oferece.

É dirigido a pessoas e entidades que participem de projetos sociais / culturais, e não têm acesso à mídia do sistema. Um veículo de comunicação entre as iniciativas, enfatizando a criação de redes.

O usuário da e-rede tem que superar paradoxos antigos. Hoje todo e qualquer cidadão não é somente um 'receptor de informação', mas passa a ser, cada vez mais, um 'produtor de informação'.

Os canais da mídia oficial não oferecem espaço e passam a ser dispensáveis. É opção própria deles. Além de ser absurdamente caras. A e-comunicação tem custo baixo e não é tão dificil de implementar. Ofereço palestras e treinamento para implementar 'elos de comunicação social'.

Um Centro de Comuicação Comunitária é um lugar de convergências, onde se concentram os elos a outras fontes, capaz de coordenar ações pontuais. É o papel de uma rede de comunicação popular, facilitando o fluir da informação. Ajudando a tirar do anonimato tantas iniciativas que estão isoladas.

A fase Beta está sendo construída no ar, aberta a visitação pública sem restrições, sem maior pretenção estética, nem show de tecnologia. Bem basicão mesmo, um rascunho, para começar.

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Sobrevivência

Moradia e alimentação, nas condições oferecidas pelo 'esquema', mal cobre o mínimo dos mínimos das necessidades humanas. Sem uma entrada de dinheiro não há como complementar o que falta.

Ofereceram-me um trampo: vender a revista Ocas. Não é uma opção ruim não; tem gente que se vira bem com isso. Mas essa possibilidade me deu uma outra idéia.

Se é por vender coisa pra ler, eu mesmo tenho muito material próprio. São mais de 15 livros e mais algumas coisas menores, tudo baseado na escrita feita por mim mesmo. Está tudo editado em PDF. Só pensar em colocar tudo em cd pra vender e já fiz. Tem 5 unidades pra vender a R$ 5,00 cada.

A tarefa proposta seria procurar lugares onde possa encontrar meu público alvo: pessoas que gostem de ler e, em esse grupo, leitores que se interessem pela situação ecossocial que a humanidade está enfrentando.

Gostaria encarar com aquilo que é meu, totalmente produto de meu próprio trabalho. Sei e não tenho dúvida nenhuma, que é muito válido o que estou expondo em meus escritos. Mas a vida está sendo um escracho continuo.

Voltando das Férias

É um jeito de dizer, de quem passou duas semanas fora de albergue, morando em moradia humana. Meu amigo professor me pediu para ficar no apartamento durante as férias escolares. Impossível me negar à proposta, com tanta mordomia vinculada.

Só imagina sair desseantro baixo astral e ficar sozinho, dormir no escuro, acordar e fazer café, tem fogão, geladeira, máquina de lavar, televisão e computador ligado na rede. Deu um troco para complementar alimentos em estoque.

O periodo começou numa sexta feira e não consegui avisar à dona assistente social do lugar onde estava albergado. Quando fui dar explicação, ela não quis me receber e mandou recado com o porteiro: 'não em nada para conversar, o senhor está desligado, toda correspondência será devolvida pelo correio'.

Tudo bem, eu sabia que era uma coisa ou a outra. Tinha consciência que ia ser desligado, nas circunstáncias apresentadas. Sabia que ia perder a vaga. É o tal de "regulamento". Saudade do lugar é que não posso ter e nem quero voltar. Agora tem que procurar uma vaga de pernoite contínuo. Está na agenda da segunda feira.

domingo, 6 de julho de 2008

Relações, Contatos e Afins

Nas diversas reuniões que estou participando, dou valor às relações que vão surgindo. Nas mãos do Ouvidor Geral deixei um sintético rascunho da minha situação. Conheci umas senhoras do Grande Conselho Municipal do Idoso.

Esse contato estava na minha agenda. O caso é que o estatuto do Idoso, sob o Título II, Capítulo 10 Do Transporte, Art.39 garante, aos maiores de 65 anos, a gratuidade do transporte urbano e semi-urbano. No § 1º esclarece que "para ter acesso à gratuidade, basta que o idoso apresente qualquer documento pessoal que faça prova de sua idade".

Acontece que a SPTrans só aceita o RG. Pelo texto da Lei, não pode exigir somente esse documento aos maiores de 65 anos. Eu posso provar minha idade com outros documentos, mas não querem me dar a carteira que é de meu direito. Será que não aplica o Art.96, que aplica uma pena de reclusão e multa a quem "discriminar idoso por qualquer motivo"?

Então, como fica? Vou ver logo no começo desta semana.

Desafios e Perspectivas DH

Sábado dediquei de 7am até 20h ao semináriop' desafios e Perspectivas dos Direitos Humanos". Conheci Fermino Fechio, Ouvidor Geral da Cidadania, lotado na Secretaria Nacional de Direitos Humanos. Acho bom ter, aí nesse lugar, alguém que ainda tenha capacidade de se escandalizar perante o que acontece no país.

Para muita gente, aqueles acontecimenots que nos relatou nada mais são que anedotas, partes do dia a dia do cidadão comum. Só que a mídia destaca mais uns casos e outros menos ou nada, seguindo estritos parâmetros econômicos e políticos.

Por exemplo, a qual veículo de comunicação pode interessar o caso daquele senhor que possui duas casa, não pode morar nelas, nem receber aluguel, e tem que se virar em albergue e pedir comida gratuita.

Vejamos: Seu 'x', hoje idoso, construiu duas casas próprias, com seu esforço. Casado, ficou morando em uma. Reconheceu como própria a filha de outro homem. Mais tarde separou da mulher e deixou uma casa para ela. Teve trabalho para tirar os inquilinos da outra, onde foi morar. Quando a 'filha' casou, prestou-lhe a casa até que o casal tivesse em melhor situação. Até deu dinheiro para uma reforma. Isso, há uns 20 anos atras.

Hoje a 'ex' segue morando em uma casa e a filha, separada e com 4 filhos, mora na outra. Juridicamente fica sem chance. Pobre não tem condição de reverter isso. Só resta o albergue público. Exaltou-se um pouco quando desabafou. Vai falar pra ele sobre direitos... de que?

Ou, para o caso dá igual, vai dizer o que para aquele rapaz na cadeira de rodas, bala na coluna, sem nada para fazer, sem nada, nada mesmo, no futuro; escanteado no pátio do albergue, convivendo com tantos outros que, como ele, só sabem que estão vivos e nada mais.

Uma Semana

Segunda feira fiz o que não fiz no domingo. O que fiz na terça não podia nem imaginar que ia aparecer na agenda. A quarta começou na contramão e apenas assisti ao 3 x 1 revertido entre Flu e LDU. Estava torcendo pelo gaúcho e fiz questão de acompanhar até o final. A quinta decorreu prevendo a sexta e o fim de semana. Já na sexta estava nos trilhos outra vez, engatando com um sábado programado com antecedência.

Sexta de manhã compareci à reunião de GTDH. Conseguimos uma redação primária de 7 pontos, como síntese daquilo que discutimos até esse momento. Ficou digitalizado, mas não tenho cópia; poderia ter postado agora. Por isso, comentários empurro mais pra frente, ou pra cima, em se tratando de um blog.

Prisão em Regime Aberto

A semana já começa embaçada. A dona Carmen, assistente social da minha ala de dormitório, implicou com uma declaração de comparecimento dada pela presidenta de uma associação de chilenos. Alegou que devia ser em papel timbrado, com carimbo. Alguém vai levar isso a um ato público?

Não ficou só nisso. A licença para chegar mais tarde hoje é a última. pelo demais, estou proibido de chegar depois das nove da noite e não mias às dez. Disse que é novo regulamento, que fez reunião onde 'todo mundo' foi informado. Só que ninguém sabe disso.

Tentei argumentar sobre meu direito a levar uma vida normal. A resposta foi cortante, fria, dura: "vai procurar outro albergue para morar".

Recapitulando: estou nesta situação pela impossibilidade de tirar documentos. O Estado, como única solução, me enfia num albergue público e suprime minha liberdade pessoal. Posso ficar nisso por anos a fio e, até agora, não achei entidade, organismo, instituição, repartição que possa, ou sequer se interesse, dar uma solução a meu caso.

Não só me impede o direito de ir e vir, mas também perco o direito a lazer e levar uma vida 'normal'. A principal alegação de d. Carmen foi que a reunião de hoje era política e isso ela não pode permitir. Chegar tarde só para quem trabalha.

O caso é que não posso trabalhar. Além da deficiência que me limita a serviços bem específicos, também não tenho documentos. Assim fica difícil. O Estado que, teoricamente, devia ajudar, me enfia numa prisão pestilente em regime semi-aberto, por tempo indeterminado. Deu 'pau mental', então engole uns comprimidos.

A Besta no Plano Nacional

O domingo começou meio conturbado. No albergue tem outro morador que participa do mesmo grupo de Trabalho em Direitos Humanos (GTDH). Antes mesmo de tomar um cafezinho, me encara afirmando que tem coisa por trás da Política nacional do Setor.

Eu costumo não falar antes de beber uns goles de cafeína, mas o cara insistiu em esclarecer: um 'irmão' dele tinha-o esclarecido que, incluído no projeto nosso, estava o número 666, considerava-se a discriminação dos evangélicos e que todos os participantes iam ser mortos.

Foi demais para segurar. Provavelmente teria reagido diferente se tivesse uma dose de cafeína no cérebro, mas não tinha. caracas, fiquei espantado por tanta ignorância e manifestei minha opinião em forma um tanto grossa. Falei que crente é trocha, ignorante, imbecil.

Sustento essa minha opinião, baseado na liberdade de opinião que me é concedida pela lei. Mas poderia ter sido mais diplomático, pois ele também tem o mesmo direito. Essas coisas só reforçam minha opinião sobre o perigo, para toda a humanidade, que oferecem essa seitas do paganaismo cristão.

O assunto é sério, parte importante, fundamental, da crise que atravessa o planeta. O próprio Moisés já alertava contra os adoradores do bezerro de ouro, que não é mais que aquele 'deus' que reparte riqueza e posses materiais para seus servidores, sem a mínima consideração pelo estrago que essa atitude deixa no meio ambiente, nem pela situação à qual ficam expostas as futuras gerações.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Allende na Assembléia

Para poder comparecer ao ato de comemoração dos 100 anos do nascimento de Salvador Allende, tive que pedir licença à assistente social do albergue. Só consegui autorização para chegar uma hora mais tarde, com recomendação de trazer comprovante de comparecimento assinado pela coordenação do evento.

Não é tão ruim assim, para um velho, voltar a se sentir adolescente e muito pelo contrário; mas desse jeito não dá. Além do constrangimento do comprovante.

O assunto fica mais embaçado, pois a gente periga ficar sem janta. Se tiver autorização específica, até podem guardar uma quentinha.

A situação voltará a acontecer na próxima segunda feira, quando quero, me interessa muito, participar de um outro ato político ao que fui convidado. Vou tentar conseguir mais tempo, para não estar obrigado a me retirar mal começou o evento, como no caso Allende.


Pesquisa nacional entre moradores de rua mostram que exatamente 70% preferem morar na rua, desprezando albergues, alegando razões de cerceamento da liberdade pessoal e por não concordar com os horários impostos. Dá pra entender.


quinta-feira, 26 de junho de 2008

O Trecho na Política II

Participei da segunda reunião onde se discute a Política Nacional para a Inclusão Social da População em Situação de Rua.

Em síntesis, repassamos o que foi exposto na primeira reunião e logo formamos grupos de trabalho, para discutir ações estratégicas que possam, o deveriam, ser implementadas.

Divididos em Direitos Humanos, Trabalho e Emprego, Desenvolvimento Urbano/Habitação, Assistência Social, Educação, Segurança Alimentar e Nutricional, Saúde, Cultura, cada grupo agendou sua próxima reunião.

Teria mais afinidade com a Cultura, mas decidi participar do GTDH (Direitos Humanos), que tem mais a ver com minha situação atual.

Primeira observação é que o texto base, proposto por um grupo de trabalho interministerial, em nenhum lugar menciona a situação de residentes estrangeiros. Não somos muitos nas ruas e albergues, mas tem sim estrangeiros residentes em situação legal afetados por este fenômeno. E perigam ficar fora de toda e qualquer consideração.

Arredondando a Pegadinha

Fiquei sabendo, no Poupatempo, que para regularizar meu CPF, além de pagar a taxa obrigatória, sem chance de isenção, tenho que apresentar o RG.

Por outro lado, além de ter que pagar a taxa pelo RG, tenho que ter CPF regularizado. Quero ver o gênio que pode solucionar a charada. Será que Senador consegue?

Seguindo com os itens agendados anteriormente, a Promotoria Pública da União ainda não se manifesta sobre meu pedido de uma declaração que facilite conseguir o Passe Livre da SPTrans e a segunda via da carteira de trabalho. Deveria incluir CPF nisso.

Considero que seria bem mais barato, muito menos oneroso para a Nação, me conceder meus documentos sem cobrar taxa; como também a pensão (Loas) à qual tenho direito desde novembro. passado.

Telecentro do Povo de Rua

Em post anterior mencionei que no albergue há um Telecentro desativado. Agora obtive mais informação sobre este. Há controversia entre funcionários sobre o tempo de desativação, entre mais de dois até uns quatro meses, sem previsão de volver a abrir.

Um funcionário comentou a causa do fechamento: os usuários entravam e circulavam pelo albergue; a porta é externa à portaria, mas tem passagem interna.

Na hora de anotar isto, com caneta em meu caderno de rascunho, as luzes do recinto estavam acesas e vários computadores ligados. A través dos vidros fumê é possível distinguir funcionários do albergue usando as máquinas.

Não quero nem comentar. Fica no mesmo nível daquela funcionária que flagrei saindo com uma sacola contendo uma dúzia de maçãs, daquelas que a gente recebe só uma, na sobremesa bem controlada.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Roda de Viola, sem viola

Uma viola bem afinada toca sinos e trina também. Só tinha um violão, mas era tocado no modo da viola; um som raízes recheado de saudades. Alguns violeros se revezavam, uns cantando, outros acompanhados da voz de algum dos presentas.

Surgiram emoções e longinquas lembranças ao som das cordas e das vozes afinadas. Letras falando, cantando, da vida, da cultura, do povo que foi enxotado de suas terras; dos que foram empurrados às cidades, dos que foram grilados, roubados, enganados, mal pagos, explorados; vítimas da industrialização do campo, das enormes monoculturas que favorecem interesses transnacionais,

Eles estão espalhados por aí, enchendo albergues e asilos, dependendo da esmola pública. O 'Poder Público', omisso, não dá mais que esmola, enquanto implementa campanha que inibe e afasta o cidadão dessa prática.

Mas muito mais é necessário; só esmola não resolve. Se todo esse 'fenômeno' existe, é porque acumulou-se uma imensa dívida social. E essatem que ser paga, pelo menos é o que expressam os Direitos Universais da Pessoa Humana e está explicitado na Constituição Federal.

Criar e implementar o que fôr necessário para estabelecer condições de atendimento adequado às características ecossociais específicasd deste grupo marginalizado e discriminado, isso é uma obrigação do Governo e de toda a sociedade.

Prezada Psiquiatra

Está chegando perto o dia que vai me chamar para o controle mensal agendado. Me adianto um pouco, reconhecendo que fui um tanto relaxado no consumo dos complementos de vitaminas químicas. Puro e simples esquecimento; mas sigo tomando quando lembro.

Já o Daforin dispensei completamente. Se for consumir isso, estava ferrado mesmo. Tu não te interessou pelas causas da depressão. Só confirmou que ela existia e receitou uns comprimidos, mais nada. Tua incompetência profissional está demonstrada aí.

Não é nada pessoal, nem teu nome menciono; mas tua atitude e teus procedimentos com os internos do albergue têm que ser denunciados. Enche o pessoal de comprimidos, deixa eles atordoados, feitos zumbis, perambulando pelo pátio, sem atendimento profissional qualificado.

Como exemplo, só vou referir o caso de uma senhora, 56 anos de idade, com alguns distúrbios mentais de leve. Tem depressão bastante acentuada. O caso é que ela está internada há 8 meses e só uma vez saiu da casa. Um pessoa de fora levou pra uma franquia de igreja crente. Logo ela, que não cai no papo furado do mercado religioso.

Só imagina, 8 meses fechada nesse antro baixo astral, passando o dia esperando a hora das refeições e de dormir. Sem atividade, sem lazer, sem ninguém, sem nada para preencher as horas vagas, sozinha com o próprio sofrimento. Qualquer um pega uma baita duma depressão.

Será que podemos, sincera e honestamente, chamar "responsável" uma profissional, uma instituição, um governo que, como única solução, só oferece um punhado de drogas? A preocupação se limita a que a pessoa não sinta culpa por estar passando por essa situação, e que não tenha intenções de suicídio. E confia em deus que, com seu poder todo, só ele pode te tirar dessa.

Esmola Não Resolve
Tem que Dar o que è de Direito

O Trecho na Política

Estou em situação de viver, então tem que viver. Como não estou em situação de rua somente porque moro em albergue provisório, interessou-me participar de uma reunião, tratando do tema das Políticas Públicas relativas ao povo que sobrevive em condições similares às minhas.

Caiu na minha mão um convite para participar de uma Consulta Pública, na qual ia se discutir e construir propostas para a "Política Nacional para a População em Situação de Rua".

Como introdução, um sintético histórico do Movimento do Povo de Rua. Digo assim genericamente, sem me referir especialmente a entidade nenhuma. Colocando a audiência no momento atual, emendou naturalmente com uma palestra muito esclarecedora sobre "O que é Política Pública?"

Foi lugar e momento certo, com as pessoas certas, para me introduzir na visão política dos sobreviventes com os quais estou convivendo.

Depois do lanchinho, a típica rodada de perguntas e respostas em bloco. Não abri a boca, só aprendendo. A informação repassada foi valiosa. Valeu a pena comparecer.

Conheci o pessoal que publica o periódico "O Trecheiro", mas não conversamos muito. Havia bastante gente reunida, representantes de diversas entidades de base. Achei falta de albergados e moradores de rua propriamente tais.

Só poderia agregar, como primeira impressão, que observo a necessidade de uma reciclagem em todo esse pessoal destacado para atender este segmento social altamente diferenciado; como também uma reestruturação e adequação pontual no ensino e no treinamento do pessoal que deverá ser incorporado, para satisfazer uma demanda que hoje já é insuficiente, deficiente, incompetente, inadequada e ineficiente.

Essa qualificação profissional, tão necessária, tem altos custos que, forçosamente, têm que ser considerados especificamente e incluidos numa regulamentação do setor.

Mais uma pra Coleção

Deus
é o Papai Noel
dos Adultos

terça-feira, 17 de junho de 2008

Salvador Allende

Na próxima 5ª feira 26 de junho, às 19 horas, no auditório Franco Montoro da Assembléia Legislativa de São Paulo, está marcado um ato público que lembrará o centenário do nascimento de Salvador Allende, o presidente de Chile assassinado por pinochet, em sangrento golpe de Estado.


O inimigo dos povos, das nações do planeta, não precisou de tropas de ocupação, como hoje no Oriente Médio. Contaba com um traidor bem pago. Mas vale lembrar que, tal como o atual imperador Buxa-Khan II no Irak, os assassinos chilenos justificaram a intervenção sangrenta alegando que o povo chileno estava sendo armado. Essa mentira ficou clara depois do golpe, pois bem pouca coisa foi encontrada.

Salvador Allende era uma pessoa que acreditava na democracia e nas mudanças revolucionárias, sem emprego da violência física. Eu militava em um movimento que criticava a forma desse "querer fazer", mas apoiamos ele, tanto nas eleições, como posteriormente.

A perda do grande líder marcou uma divisão no tempo político, afetando o desenvolvimento dos movimentos socias em toda a América e também no mundo inteiro. O império do mal fortaleceu suas bases e intensificou a depredação dos recursos e a persecução aos dissidentes. A melhora da economia chilena é ilusória e não pode se sustentar em prazo mais longo.

Sempre achei que o 'companheiro presidente' não estava na trilha certa para alcançar o seu/o nosso sonho. Mas sustento que foi uma personalidade bem mais destacada que o badalado che Guevara. Não me parece estranho que as fotos do argentino circulem livremente, enquanto as idéias de Salvador não ocupem nem uma linha sequer na mídia do sistema.

Vamos comparecer, render homenagem e cantar um dos dois mais belos hinos nacionais das Américas. Aliás, tenho certeza que vamos cantar os dois.

Salve, Salvador!

Reclamação

Tem coisa que não acho certo mesmo e este é o único lugar onde posso me manifestar livremente. Algumas vezes já mencionei, neste blog, a mistura de doentes de todo tipo com pessoas não doentes. Nem mencionei a turma dos cachaceiros pinguços, em ambos os grupos e nem vale a pena, ainda sejam fortes contribuintes ao stress geral.

Acho, e seja por achismo, que não é certo, próprio nem conveniente, para os dois lados, estar juntos compartilhando o mesmo lugar. 'Acho' que nem deveria ser permitiso legalmente. No caso, o lugar conjuga enfermaria, casa de recuperação e tratamento, estacionamento de idosos, deficientes e incapazes, junto a pessoas que tem um perfil mais adequado a um albergue público. A coexistência destes grupos, no mesmo âmbito, é incompatível.

Fala sério, é o maior baixo astral. A finalidade original do lugar está totalmente deturpada. Daquele projeto exemplar, implantado pela Prefeita Marta, restam só os prédios. Tinha até agência bancária. Uma sala ostenta uma grande placa com o nome 'Telecentro', mas não passa disso (da placa).

Os representantes da elite social, atualmente no governo, não têm nenhuma preocupação pelos necessitados. Se jogam algumas migalhas pros miseráveis, não é por considerações humanitárias, mas fazem só para 'baixar os índices de violência'; se proteger da ira popular cuidando de suas próprias mordomias e privilégios injustificáveis.

sábado, 14 de junho de 2008

Alimentação

Logo que entrei no albergue aumentei uns 4 - 5 quilos de peso. Estava com 14 - 15 quilos a menos do que seria normal para mim. Ontem controlei e deu que havia perdido dois quilos, daqueles que tinha ganhado. A fome voltou de leve, nem tanto como antes.

O caso é que trocaram o pessoal que faz e serve o rango. A quantidade de comida diminuiu sensivelmente, está mais regulada. Um par de horas depois de comer a gente sente que não foi bastante. Isso mudou, antes não era assim.

A base da alimentação é arroz branco, que pode servir bastante, encher o prato se quiser. Já do feijão não se recebe muito. Se pedir mais um pouco, recebe caldo ralo. Tudo comida tipo hospital, faltando sal e temperos. A mistura é, geralmente, na base do frango ou algúm tipo de carne barata. Só um pouquinho. Acompanha salada de folha verde, da qula quase sempre consigo porção extra, porque tem muitos que não gostam.

Também tem essa do 'repeteco'. Pode repetir sim, mas só um pouco de arroz e feijão. Para isso tem que voltar à fila, no final. Ontem tinha mais de 60 pessoas e antes, para ser servido, já tinha esperado 45 minutos de pé. A fila anda bem devagar. O pessoal que atende é pouco e está mal organizado. Assim fica difícil.

Promotoria Estadual do Idoso

Me atendeu uma moça atenta e amável. Começou propondo processar meu filho, que deveria legalmente me dar cobertura. Mas, que adianta, se o porralouca anda na farra e na gandaia, mundo afora? Não cuida nem dele mesmo.

Mas ela me deu uma dica que boto fé. Como tenho processo aberto, em Promotoria Federal, requerendo meu RG de extrangeiro e a naturalização, poderia também solicitar uma declaração que isso está realmente tramitando na justiça. Pode servir para tirar o 'passe livre' na Sptrans e, possivelemente, até pra conseguir uma segunda via da Carteira de Trabalho.

É coisa pra ver a próxima semana.

Sem Rumo

À tardinha, no Cibernarium do Largo Paissandú, banhado, roupa limpa, desodorante e dose de cafeina, digitando este sábado, sentado num banco no pátio do albergue, cheio de doentes físicos e mentais, de cegos, toxicômanos e demais.

Queria conhecer um outro labergue, mas o cara que ia acompanhar acordou com dente infecionado. Nem fui tomar café pra evitar briga. Estou nervoso e pensando demais em dar porrada no velho
fdp que ontem humilhou. Só xingar não resolve.

Fico na minha, observando a degradação humana no meu redor. Nem um sequer pra trocar idéia nem falar. A caixa idiota sintonizada na bobo. Tentando fugir do pensamento que esse é meu futuro, anos pra frente. Não é mole, puta que pariu!!!.

Teria que pegar roupa limpa, lá longe, na zona norte. Lavo em casa de um amigo, o único que posso chamar de tal aqui em Sampa. Aproveito tomar banho, relaxar um pouco. Mas não posso ir agora, pra não ficar sem almoço; Alternativa? Sair e ficar na rua até a hora do rango. Só pra não ver tanta miséria humana.

Tem 4 horas vazias na frente. A vida escorrega nem que água ou areia entre os dedos. Com a boca escancarada esperando a moooorte chegar. Ô Raulzito.

Será que é ou não é pra pegar uma despressãozinha? Dar uma olhada em Malkut até pode ser saudável alguma vez, mas não estou enxergando muito a serventia, no momento. Alguém ousa afirmar que a solução disso está no consumo de droga farmacológica? Estava bastante bem nesta semana, mas agorinha me pegou de novo.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Humilhação

Foi só mais uma de tantas, mas esta fica aqui pro registro.

O Dénis é 10 anos mais velho que eu. Meio versado em questões jurídicas, senta à mesma mesa onde tomo café de manhã e almoço. Ele estava sem beber alguns dias, por precisar de umas doses de antibiótico.

Hoje engoliu 3 doses da branquinha arretada depois do café e chegou bocudo na mesa, antes do almoço. Xenofobia aguda e discriminação galopante. Mostrou toda a merda que tem na cabeça e descarregou em mim. Pôrra, não dava pra imaginar que o cara fosse tão porco assim.

Humilhou, insultou e ainda incentivou outros para irem acima de mim. Por desgraça não dá pra encarar no tapa; isso só prejudica mais. Tive que levantar da mesa, ir embora e ficar sem almoço.

Estou de saco cheio de tanto engolir merda. Algúm dia vou estourar.

Barata Tonta

Que ando meio esquecido, desde o ano passado, é evidente. Em Floripa já me aconteceu estar falando pelo celular e, de repente, não saber com quem e sobre o que estava falando.

Aqui em Sampa piorou bastante, chegando ao ponto de me encontrar em estação de metrô desconhecida, sem saber nem como cheguei aí. Esqueço para onde estou indo, ou vou pra lugares pensando fazer uma coisa, sendo que aquele lugar é pra fazer outra.

No último sábado à tarde não consegui lembrar o que tinha feito, para onde tinha ido, pela manhã. Lembrei no dia seguinte, ao acordar.

Pode ser cedo pra falar de Alzheimer. Os casos se produzem nos piores momentos de depressão ou de forte dor no pé. Vai saber, mas o caso é que tem hora que ando por aí nem que barata tonta.

Agenda, segue 1

Item 5. Negada autorização para expor em feira de artesanato, na cidade de São Paulo. Única opção é feira na Luz, com taxa de 10 reais por dia.

O funcionário que me atendeu, esclareceu que minha única opção era arriscar por conta e fugir do rapa. Melhor nem comentar.

Item 3. O Fôrum abre o portão às 10:30 para o pessoal não esperar na rua. Atendimento a partir das 14:30. Ainda bem que é perto de 'casa'.

Não deu outra: mais taxas pra pagar. Falei até com Promotor gente fina quem, claro, nada pode fazer. Mas deu ordem à recepcionista para me dar o endereço do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana, na Sé.

Tem que dizer que fui bem atendido, por uma pessoa educada que sabe seu ofício. Mas também não pode resolver coisa alguma. Os direitos da pessoa humana evidentemente não são prioridade para o governo estadual. Fui encaminhado à Promotoria do Idoso. Vou, só pra não deixar de ir.

Não estou me achando muito a vontade nessa peregrinação sem sentido. Só não encaro como perda de tempo total, porque não tenho mais nada pra fazer, por enquanto.

Tambén não acho que recorrer à midia ia resolver, mas é uma idéia que está cada vez mais presente. Na realidade não sou o único a ser prejudicado por um artigo inconstitucional na Lei que regulamenta a concessão de beneficios previdenciários.

Agenda de Atividades Pendentes

Só para me ordenar, saber o que há pra fazer.

1.- Retirar doc de identidade e pedir Certidão e Antecedentes Criminais, no Consulado de Chile, na Paulista. Fico sem almoço.

2.- Ir no Posto de Saúde para tentar trocar idéia com dentista. Fico sem café da manhã e sem almoço.

3.- Ver qual é no Fôrum da Barra Funda. Preciso tirar vários documentos.

4.- Achar alguma entidade que atue na área de direitos humanos, que possa equacionar meu problema de carteira de identidade brasileira.

5.- Ir na sub-prefeitura da Sé, na Tiradentes, e requerir autorização pra vender minhas sacochetes, um fim de semana em alguma feira.

6.- Atualizar o blog.

7.- Fotocópias do texto " A Geração Insustentável". São 112 folhas A4. Tem que conseguir isso com alguém; sei lá quem.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Saudades da Marina

No Ministério do Meio Ambiente sai Marina e entra o Minc. Tentam disfarçar, mas a coisa ficou preta. Sujou de vez. Acabou a (pouca) credibilidade do governo na área ambiental e as próximas gerações vão sofrer por isso.

Não é que Marina tenha conseguido fazer tanto assim - não permitiram - mas ér uma pessoa com idéias claras, militância ambiental e credibilidade internacional. Agora estamos entregues a ratos e tubarões. Escancarou.

O debate ambientalista, puxado pelos 'eco-chatos', gira em torno a como conciliar o crescimento econômico com a proteção ambiental. O sistema constyrói seu discurso, disfarçando a destruição irreversível. Sem ambientalistas nem debate teria.

Sisudos pseudo-ambientalistas afirmam que o Brasil não pode abrir mão de seu potencial agropecuário, nem pode dar o salto econômico que acham que o país precisa.

Mas tampouco pode-se destruir um bioma que, pela sua diversidade biológica e pelo papel que desempenha no equilibrio climático do plamneta, deve ser preservado a todo custo.

Nossa civilização, nossa forma de vida, está constrida sobre a utilização intensiva de matérias não renováveis. Crescimento econômico significa maior uso de recursos, o que produz destruição crescente. Não tem como fugir disso. A solução que precisamos difere muito de capitalismo que estamos forçados a aceitar.

Leitura complementar:
No meu livro "Choque de Meio Ambiente" veja, no capítulo 'Ecologia Profunda', o texto "Brasil, um Tigre sem Selva". Precisa leitor de arq.pdf.
Aliás, recomendo ler o capítulo inteiro.

O Pé

O médico que me salvou de gangrenar o pé em Campinas advertiu. O que ele fez foi só sarar a infecçaõ. O olho de peixe não tinah sido removido totalmente na primeira cirurgia. Havia ainda raízes e teria que operar outra vez depois de sarar.

Isso está cada dia mais evidente, ainda que sofrível por enquanto; mas piorando. O bicho cresce rápido. Pensar numa terceira cirurgia, no mesmo lugar, arrepia. Deve ser parte do alimento da tal depressão. Não tem outra opção: deixa rolar. Segura pião.

Transição

Depois de uma noite no busão, passei outra na rodoviária de Floripa. Na terceira fui no albergue, financiado pela maçonaria local. O chefão é um PM reformado, famoso no trecho por sua truculência, prepotência e deshumanidade.

De entrada questionou que eu estava bébado, era usuário de drogas, estrangeiro indesejável. Me deu cobertura essa noite, mas ordenou que eu fosse embora da ilha no dia seguin6e. Repetiu isso para deixar claro. Também me encheu o saco com uma preleção da religião de ele, me recomendando seu Jesus para me salvar. Fui o primeiro que dispensou pra rua, de manhã cedo, depois de um caneco de café.

Amigos me deram cobertura, alguns até pagando um quarto de hotel no continente. Graças a eles não passei fome.

Fiquei na Ilha da Fantasia uns 10 dias, até torrar meu computador. Peguei estrada uma madrugada, rumno ao interior do Estado de São Paulo. Junto a outro mortal que conheci no trecho, alugamos um quarto perto da rodoviária de Ribeirão Preto. Noventa pila cada.

Até chegar nessa cama, muito sobresforço foi realizado. A planta do pé chegou a estar bem alguns dias, mas à tradinha o pé sempre estava inchado e doendo. Peguei tendinite, feia inflamação do talão de aquiles. Foram 3 semanas de repouso forçado. Gastando. A cada saída custava superar a dor, inclusive tomando remédio.

Nada de bom resultou lá no ribeirão preto e, apenas senti melhor e consegui andar de novo, emprendi viagem pra Sampa. Dentro de um estado, idoso não tem isenção. Fiz escala em Poçoes de Caldas-MG, passei 6 horas no frio da noite na rodoviária e cheguei na megacapital tipo meio dia, num engarrafamento docaralho.

Nessa jogada vendi o celular.

São Paulo

Metrô Tieté - Sé. Descer mancando, com o pesado carrinho da bagagem, em direção ao viaduto do glicério, à igreja da paz, na rua do corpo de bombeiros. Permaneci aí, autorizado 24 h, com café da manhã, almoço e janta.

Foram 12 dias de recuperação pós-cirurgia. Meio conturbado por causa de um servidor imbecil, do qual não aceitei desaforo. O cara sem qualificação para o cargo. Perdeu o emprego logo depois, por causa de tanta reclamação.

Comecei a frequentar o 'Acessa SP' da Sé. Reservei vaga de ônibus pra Floripa. Só queria vender o computador e investir em alguma coisa que garantisse a sobrevivência sem dependência. Pensava numa cidade do interior, onde pudesse deixar passar o tempo necessário para regularizar minha situação.

Campinas

Puxei minha bagagem no carrinho de mão ladeira acima até o albergue público. Cheguei antes de meio dia e às 2 já tinham me levado de kombi pro Hospital Municipal. Segunda de carnaval, com os postos de saúde fechados. Superlotado de gente, a cidade convergendo naquele ponto. A dor insuportável. 3 comprimidos de dipirona 500 em 6 horas não venceram.

Passaram-se mais de duas horas até ser atendido pela triagem. Furaram fila vários casos graves e gravíssimos que, realmente, tinham que ser atendidos na hora. Sem detalhes macabros aqui.

Mas também chegou uma hora, tarde à noite, quando não aguentei mais e, meio alterado, comecei a exigir atendimento. O pé não cabia mais no tênis. Um médico recusou-se a me atender. Não quis entrar numa fria. Explicou a situação pra chefona e à assistente social, na minha frente. Solução? Encaminhado à santa Casa, onde ingressei às 11 da noite. 12 horas após o desembarque na rodoviária.

Sujo e faminto, tomei banho e jantei. Soro na veia, antibiótico cada 4 horas, 'antidor' cada oito, comprimido para 'proteger o estômago'(?). Passei por exame profissional.

Na manhã seguinte, o médico fez um corte na planta do pé e deixou sangrar, sair toda a porcalhada. Fiquei oito dias internado, muito bem atendido, bem alimentado. Fui atendido por assistente social, com consideração e eficiência.

Daí fui cair no albergue, mas só fiquei 3 dias; como doente, em quarto separado. Tinha até banheiro limpo. Mas o rango nem sempre deu pra engolir.

Me pagaram a passagem de ônibus pra São Paulo, com enlace feito, destino Casa do Migrante, na baixada do Glicério.