sábado, 11 de agosto de 2007

Panquecas com Molho de Celular

A mistura 3 x 1 é a base da receita. O resultado pode ser apreciado em variadíssimas versões. A receita base nem tanto, mas admite combinações de diferentes ingredientes.


Digo que quero escrever sobre telefone celular, mas estou fazendo panquecas enquanto escrevo este texto. Um exercício como entrelaçar as coisas. Passam idéias pela cabeça que nada tem a ver com os temas propostos. Incorpora ou não incorpora? A história existe para ser criada.


Este espaço, concebido como blog pessoal, coisas da visão que estou tendo da vida que estou vivendo e do que percebo no meu redor, em meu próprio espaço-tempo. Descaminhei, ou não, mas fui por trilhas paralelas. Agora estou fazendo panquecas e tentando emendar a história de um celular. Blog é pra ler. Fotolog é outra coisa. Imagens só podem ter a função de atrair para a leitura.


Então, 1 copo de farinha, um copo de leite e um ovo, mais uma pitada de sal. Triplica para fazer quantidade. Bater. Esquentar bem uma frigideira. Derramar um pouquinho de óleo nela. Quando bem quente, começando esfumaçar, esparramar um colherão desta mistura (um líquido meio grosso) na friga. Fritar um lado, virar de pulo no ar e fritar o outro lado. Passar manteiga e empilhar.


Seguindo as proporções, vai farinha branca e integral e fibra de trigo; leite de soja em pó, uma colher de levedo de cerveja, sal marinho e água. Bater. Bateu que não acho o liquidificador. Tem um batedor manual numa caixa embaixo da casa. Então dá um tempo, toma um gole de vinho e fuma mais um Trevo.


Tem coisas que fazem a gente pensar sobre a vida, também sobre a própria. Tivemos, participamos em, curtimos um evento massa na Ufsc. O Calimed organizou uma “Jornada Interdisciplinar de Ações em Saúde e Ambiente”. Paralela, nas mesmas datas e nos mesmos lugares que um Congresso Nacional de Estudantes de Medicina e outro de Arquitetura. Foi durante o recesso e logo todo mundo se dispersou, até aqui em casa.


Estou na minha, numa boa, militando ambientalmente no setor ‘sacolas’, sejam de plástico ou de qualquer outro material. É coisa que não está dando dinheiro. O pior é a comunicação. Sem celular é como sem cpf. Sem condição nenhuma de habilitar um, nem usado por 79 reais legal na loja, nem roubado por um trintão.


Fui no Calimed para usar a net, atualizar este e outro espaço, checar e-mail. Tinha uma caixa com perdidos e achados. Pulseiras de aço, colar de prata, chave de carro, livro, óculos de sol, e por aí, até celular tinha. Só podia dar uma olhada nele, lg com foto. Pensei: uma estudante de medicina qualquer, sem celular. Claro, porra, a gente primeiro pensa em mulher.


Também agora lembro das panquecas. Foram goela abaixo com molho de pts com vegetais. Na faixa.


Aí voltou aparecer o celular, meio copresente o tempo todo. Um desses que tira fotinhos seria coisa pro blog. Nem sonhar, nem de alucinação. Sem chance.


Foi quando apareceu o aparelinho bem aí na minha mão. O dono é do Rio de Janeiro. Só ligar pra mãe, de outro telefone, claro. A chance deu-se o dia sub-seguinte. Eu pensando em quem tinha perdido o seu celular, pensando se fosse meu e alguém devolvesse, lembrando de outras latitudes, onde você acha de novo o que perde em qualquer lugar.


Vi o modelo em várias vitrines. Fui numa loja autorizada da operadora e coloquei o caso. Podem receber o aparelho e entregar pro dono. Decidi ligar e combinar o jeito de proceder. Um vereador me autorizou a ligação. A mãe deu ocupado. Ligamos para outro número, identificado como “casa”. Atendeu o irmão do dono do celular. Anotou meu e-mail.


Fui almoçar no Prato Popular de um real e logo parti pro Calimed, querendo usar o o computador ligado na rede. Tinha e-mail dizendo que a empresa ia repor o celular e eu podia ficar com este aqui.


Meu, vou dizer o que... sem palavras, feliz dia dos pais. Não precisa ser pai para ter um feliz dia nesse dia também.


To di kara. Pode?



Playlist: Dire Strait

A Casa do Pereira


Escrever sobre a casa que o Pereira está construindo no seu quintal deveria ser, também, escrever sobre bioconstrução. Tive o imenso prazer de visitá-lo um domingo, mas não fui muito jornalista, nem tomei nota da imensa quantidade de dados que despejou na minha cabeça. Mas tirei algumas fotos.


O que é visível e chama a atenção é o prédio, construído de diversos resíduos recicláveis ou descartáveis. O que não se vê é o que está embaixo da terra, ou seja, o sistema de tratamento de efluentes.


Chegando lá, ele faz a primeira declaração: Tudo o que entra na sua propriedade fica aí dentro; nada sai. Mostra as composteiras e explica o manejo daquilo que tanta gente só chamaria de mato: uma rica variedade vegetal difícil de achar num terreno de cidade.

Na sala de entrada da biocasa conta que o piso tem 2.800 garrafas pet como base. Muros exteriores e paredes têm pets e sacolas plásticas, seguradas com bambu, ferro de construção, arames diversos. Utilizou diferentes misturas de massa com resíduos plásticos, mostrando a resistência destas. Um muro tem um sistema de circulação de água entre as garrafas, configurando um sistema de climatização.


Subimos até o ninho, em construção no quarto andar, onde a vista domina bairro e horizonte, bem protegidos do vento. Conversamos entre goles de cerveja. O cara é um expert no assunto “reaproveitamento de materiais, reciclagem, tratamento de lixo, produção de composto” e por aí. Só escrevendo um livro – ou dois, ou três – para repassar a sabedoria acumulada.


Ele coordena um projeto no Morro da Mariquinha, área de população de baixa renda com freqüentes conflitos sociais. De repente dou uma voltinha por aí, para mostrar o que se pode fazer misturando conhecimento técnico e inventiva.


quarta-feira, 1 de agosto de 2007

RETOMANDO

terça-feira, 31 de julho de 2007 / 08:16:06

Há tempo que não atendo este espaço. Estive absorvido pelo domínio: www.sacsplast.libertar.org. Parece-me que, se você visitar esse blog, aqui não haveria espaço para discutir sobre sacolas de plástico.

Estou na 'Casa da Floresta', rodeado de um mato surreal. Restos de mata secundária misturados com espécies importadas. Palmeiras de palmito, limão galego, banana, tangerina, cana, mamão, pequena horta e jardim, junto a plantas decorativas que em outras latitudes só crescem dentro de casa. Tudo misturado na encosta do morro.

Mais cedo, um casal de saracura estava removendo nosso composto procurando alimento. Tinha um casal de pica-pau também. Aparecem algumas, poucas, aves, de trino e de grito. Uma vez vi uma garça azul. Hoje ouvi um macaquinho, mas não se mostrou. Não queremos alimentá-los, para não criar dependência. Mas os gatos têm ração, o Leãozinho, sua irmã Caramela e a mãe Shaia.

Pra sair daqui só por trilha. Pra chegar também; dá uns 250 metros morro acima. Um bom exercício. Deu um choque muito positivo na minha estrutura toda. Demais é o que ando de ônibus. Dois pro centro ou três pra Ufsc. O dia seguinte à minha chegada ganhei passe livre e porto cartão de 'necessidades especiais'. Aliás, faltam poucos meses para ter direito por idade.

Tem uma pedra grande no topo do morro. Daí dá pra ter uma panorâmica da lagoa que fica na ilha. No fundo, atrás das dunas, é o mar. Da casa não se vê isso; vegetação demais. Não demais é a vegetação que desfila pela cozinha e é encaminhada a nossos intestinos. Não rola carne nem peixe.

Convivo com três estudantes de medicina neste lugar que, por certo, não é uma república. Muito apropriado para estudar e também para algumas festas memoráveis. Tem que colocar tochas na trilha para os convidados. Lugar bom demais, sem tv, nem telefone e, claro, sem internet. A caixa idiota está banida, ou apenas usada para assistir filmes. Teríamos que puxar cabo para a linha telefônica, por baixo da terra. Projeto congelado.

Então, escrevo aqui em casa, gravo no cd, e depois vou pro Calimed para postar. Mas hoje não, tem um monte de roupa de molho. Só estou esperando esquentar um pouco mais o dia. Também é dia de fazer pão. Algumas páginas estão esperando tradução. Algumas idéias, para manter vivo este espaço, estão borboleteando na cabeça.

Imagens só na próxima oportunidade. Já é 18 e trinta; não chego em casa antes das 20 e meia. Isso é hoje, quarta feira.

O Movimento Ambientalista

Como dito antes, são três ônibus de ida e outros tantos de volta. Total de três horas em cadeira cativa e terminais, para fazer um post. Então aproveito e logo faço outro. Encontrei em “Paint the Town Green”, um excelente livro em pdf que lá vale 20 libras esterlinas e baixa de graça. Daí extraí uma definição de Movimento Ambientalista, que coloco a continuação:


Podemos definir como parte do Movimento Ambientalista qualquer pessoa, entidade, organização ou instituição envolvida em apresentar informação, desenvolver ou implementar políticas, realizar decisões ou implementar campanhas em assuntos ambientais.


Assim, o Movimento Ambientalista não se reduz às óbvias Ongs que atuam no setor, mas abrangem um amplo espectro de políticos com compromissos ambientais, assessores de políticos, instituições governamentais, departamentos de governos locais que promovem sustentabilidade, comissões públicas de desenvolvimento sustentável, acadêmicos que trabalham com ciência relacionada ao meio ambiente, especialistas em comunicação que trabalham na promoção de melhores e mais produtivos elos entre provedores e receptores de informação, promotores de negócios que tentem gerar ocupações a partir de comportamentos ambientalmente amigáveis, comentadores ambientalistas, grupos que implementem campanhas, consultores, autores e jornalistas.


É um quadro amplo com muitas interconexões e, às vezes, sem interconexão alguma. É meu público alvo.

Comportamentos ambientalmente amigáveis

referem à escolha de modos de vida específicos,

que reduzam impactos ambientais pessoais

e ajudem assegurar que o consumo de recursos

seja sustentável a nível social.